segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entrevista: Walter Bueno Vaz

Walter Bueno Vaz

Ele revela o que irá influenciar o mercado e os consumidores nos próximos anos

10/10/2008

"O desenvolvimento sustentável passou a ser uma tendência seguida pela maioria das empresas. Este fator influenciará diretamente o mercado e a relação das empresas com seus consumidores". A declaração é do consultor em varejo, especialista em merchandising e visual merchandising, com mais de 25 anos de atuação no setor. Walter Bueno Vaz é Diretor da Abiesv (Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para Varejo) e consultor da Kawahara e Takano.

Ele esteve na Euroshop 2008, maior feira mundial de visual merchandising, que ocorre de três em três anos, e conversou com a UseFashion sobre tendências para o varejo. Comentou sobre linhas arquitetônicas das lojas, a importância da informação para tomada de decisão, tendências estéticas em manequins e em visual merchandising para os próximos anos. Acompanhe.

UseFashion - Como o tema sustentabilidade está impactando o varejo?
Walter Vaz - A sustentabilidade já é realidade no varejo mundial. Para se ter uma idéia, foi palavra de ordem da Euroshop 2008 e, para o mercado brasileiro, não está sendo diferente. A presença de materiais recicláveis e auto-sustentáveis está sendo observada por toda parte: em sacolas de compras recicláveis ou reutilizáveis; em equipamentos e mobiliários de loja feitos em madeiras de reflorestamento; em substratos sustentáveis para revestimentos de paredes e pisos; em compostos plásticos feitos de garrafas PET para desenvolver carrinhos e cestos para supermercados, e em lâmpadas com baixo consumo de energia.




Até mesmo a construção civil comercial vem desenvolvendo processos sustentáveis para a construção de lojas. Posso citar, por exemplo, o segmento de iluminação de varejo. Nele, os LEDs (tecnologia utilizada na execução de lâmpadas, bastante funcional para ser usado como iluminação pontual ou contínua) têm maior vida útil, podendo chegar até 50 mil horas de uso com consumo de 10 watts, gerando baixíssimo consumo de energia e produzindo menos calor.




UF - Do que viu na Euroshop nesse ano, que tendências você destacaria na arquitetura de lojas?
WV - As tendências de arquitetura para lojas estão divididas em dois grandes grupos. De um lado, o da Arquitetura Ortogonal, que abusa de linhas retas, a partir de planos perpendiculares. Nele, predominam as simetrias, ou assimetrias de formas construtivas, criando volumes em formato de cubos ou retângulos. Elas aparecem e desaparecem (ora em relevo ora subtraindo vãos) com materiais como vidros transparentes e coloridos, que se misturam a outros com aspectos de concreto e cimento aparente. Neste caso, há sempre a presença forte de revestimentos externos e internos feitos em madeiras de reflorestamento ou reutilizadas (madeiras de demolição). Alguns dos ícones inspiradores destas formas são os arquitetos Frank O.Gerry, Rem Koolhass e Tadao Ando.



O outro grupo é o contraponto. O grupo da Arquitetura Orgânica ou de formas curvas é marcado pela presença de materiais sintéticos, polímeros de alta tecnologia, onde as curvas podem ser construtivas ou puramente orgânicas e livres. Neste plano, encontram-se nomes como Zaha Hadid, Renzo Piano, entre outros. Há, ainda, a tendência que apresenta a fusão destes dois grupos, criando soluções bastante irreverentes para aqueles que não se contentam com uma só linha de partido arquitetônico. Algumas obras nestes estilos são dos arquitetos Toyo Ito e Herzog & de Meuron, que apresentam importantes marcos desta mistura intrigante.




UF - Os anos 70 estão de volta na moda. No visual merchandising, você percebe este revival?
WV - Na verdade, os anos 70 estão na moda como linguagem e inspiração no varejo há quase uma década. Vejo a influência do final dos anos 70 e começo dos anos 80 como algo novo. Porém, acredito em uma linguagem menos temática/retrô e mais atual e contemporânea. A novidade passa por uma visão de futuro inspirada na toy art, em referências de design baseado no construtivismo dos fractais e em formas baseadas na linguagem gráfica da web. Citaria as propostas do estilista e designer Karim Rashid, com temas mais vibrantes e novos, como tendência no visual merchandising.

UF - Em sua opinião, o que só pode ser aplicado em grandes lojas e não funciona nas pequenas?
WV - Bem, este tema é bastante interessante e intenso. Precisaria responder esta questão passando pelas diversas áreas do merchandising e do visual merchandising e de toda cadeia do store design, pois as diferenças entre estes formatos requerem tratamentos técnicos bastante distintos e específicos para se responder em uma única questão. Entretanto, pode-se dizer que grandes redes ou grandes formatos de lojas precisam de trabalhos com forte embasamento técnico e científico de alta performance para poder obter resultados importantes. Enquanto os pequenos formatos e pequenos grupos de lojas podem lançar mão de processos menos elaborados, porém igualmente técnicos, para solucionar suas questões.

As grandes redes e grandes formatos de loja precisam de redes internas de profissionais, de recursos externos de consultorias e apoios técnicos em grande escala. Já o pequeno comerciante pode, e deve, lançar mão de recursos mais simples, porém igualmente eficazes, tais como consultar fontes de mídias diversas, onde haja possibilidade de atualização, obtendo soluções práticas, simples, eficazes e com investimentos proporcionais ao seu negócio e expectativa de resultados.

Entretanto, em ambos os casos, não abro mão de orientar para que se mantenham sempre informados e ligados às transformações constantes e cada vez mais rápidas do mercado varejista. Pois hoje, mais do que nunca, a informação se faz imprescindível para toda tomada de decisões, seja qual for o seu tamanho e negócio. O cliente está cada vez mais exigente, informado e atualizado para escolher onde gastar seu dinheiro.

UF - Qual a tendência estética em manequins?
WV - Os manequins apresentam como tendência para as próximas décadas, algumas variações. Para os figurativos realistas, aqueles que se parecem com seres humanos de verdade, que possuem cor de pele, perucas e maquiagem, a tendência serão as poses com atitudes que reforçam o comportamento social do momento. Esses manequins serão mais sexy, esguios, tanto femininos como masculinos, valorizando a diversidade étnica, social e até mesmo dos gêneros. Isso porque o cliente quer se ver representado nos produtos que consome. Sem esquecer que os manequins são algo que o cliente almeja em se transformar, mostrando uma imagem ideal da perfeição a ser atingida.

Outra tendência para esses figurativos serão as articulações e movimentos eletrônicos, como os robóticos que lembram muito os comportamentos físicos e movimentos dos seres humanos. Aqui, o movimento entra para contribuir, para chamar a atenção do cliente para o ponto-de-venda, ou para enfatizar a performance de um produto com alta tecnologia de desenvolvimento (sapatos esportivos de alto performance, tecidos tecnológicos, etc).

Para os manequins abstratos, aqueles que sugerem formas humanas ou elementos do corpo, o mercado vem preparando materiais e acabamentos de superfície bem elaborados, como pinturas texturizadas e até desenhos e estampas. Feitas com soluções como pigmentos de titânio, borrachas recicladas, plásticos e policarbonatos reciclados, elas darão novos aspectos para estas formas.

Nas imagens, ambientes fotografados por Walter Bueno na Euroshop 2008.

Por Inêz Gularte
Fotos: Divulgação

Indicação: Profª.: Janeti D´Andréa
Post: Jean

2 comentários:

Unknown disse...

Procurei um velho amigo... tempos atrás... acredito ser você.. Lembra-se "Capricornios" vila caiçara!!!! depois que li o artigo.... acredito ser você mesmo!!! mas..mesmo assim ainda me lembro de você querido!!!! beijos Lúcia TAINE

Unknown disse...

ACHO QUE É VOCÊ MESMO EU QUERIDO AMIGO.. LEMBRA-SE VILA CAIÇARA.. "CAPRICORNIOS"... QUERIA TE ACHAR POR AI MEU QUERIDO!!! SÓ PRA DAR RISADA .. LEMBRA-SE.... VE SE ME ACHA.. BJS Lúcia.